quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pousada flutuante em SSA

Escuna era um verbete com três significados no dicionário do advogado Antônio Garcia: "batucada, cervejada, farofada". A língua capaz de florear de sofisticação a mais espartana das pousadas de beira de estrada encarregou-se de mudar o conceito. Pois bem. Em inglês, Schooner Resort foi o nome que o mineiro de 66 anos achou para remediar o (quase) irremediável. "Não sabia da dificuldade de usar a palavra E-S-C-U-N-A na Bahia, percebi tarde".
Garcia rema contra a maré. A menos de um quilômetro do Terminal Marítimo de Salvador, onde passeio de escuna cheira a balanço de mar regado a pagode e axé music, ele espera pelos clientes vestido numa gola polo azul bordada com a logomarca da empresa. A tripulação é alinhada: camiseta floral, bermuda e sandálias Kroc alvíssimas. Na Marina Contorno, quem entrar no seu barco ouvirá um jazz sessentista em volume baixo, nos mesmos decibéis das marolas batendo no costado.
"A ideia era desenvolver um barco com características baianas e o conforto das pousadas de charme", diz. Filho de donos de hotel, Garcia chegou a Salvador há 15 anos. Tomou gosto pelo mar velejando com a mulher e os filhos. Em 2008, estalou na sua cabeça a ideia de criar uma pousada flutuante, onde fosse possível passar um, dois ou três dias conhecendo as ilhas da Baía de Todos-os-Santos.
Se as escunas normais têm um calado (parte do casco submersa) de médios 160 centímetros, ele mandou fazer a sua com 120 para  navegar por praias onde uma embarcação normal encalharia. Diz ter pago R$ 1 milhão pelo barco, fora gastos com a instalação de aparelhos de ar-condicionado, camas, banheiros, um televisor de LCD, cozinha equipada com forno a gás, mesas de jantar, um freezer e três geladeiras, um reservatório com 5,5 mil litros de água doce e diesel suficiente para navegar cinco dias em alto-mar.
"Meus clientes serão pessoas que já visitaram a Grécia, a Croácia, estão doidos para fazer turismo náutico na baía", profetiza, enquanto observa um golfinho botar a cabeça para fora da água. "Tudo isso aqui está rigorosamente inexplorado, o quanto custa será a quarta ou quinta coisa que vão querer saber". De um passeio de quatro horas a uma estada de três dias, a mordomia varia entre R$ 134 e R$ 2.730.
Veja algumas imagens do "barco de charme":

Fotos: Marco Aurélio Martins | Ag. A TARDE

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